AUDITORES DE CONTROLE EXTERNO DO TCE/PI VÃO AUDITAR ÓRGÃOS DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO

      Uma equipe de 3 (três) auditores de controle externo do TCE DO PIAUÍ vão realizar auditoria nas unidades jurisdicionadas Secretaria  de Segurança Pública do Estado do Piauí, Polícia Militar do Estado do Piauí; Delegacia Geral de Polícia Civil do Estado do Piauí; Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí; Departamento de Polícia Técnico-Científica do Estado do Piauí., nos exercícios de 2018 a 2020, tendo por objeto de controle: auditoria nas políticas públicas sobre a saúde física e psíquica dos profissionais de segurança no âmbito das corporações de segurança pública do Estado do Piauí.

      Outrossim,  registre-se que a mesma equipe irá proceder a fiscalização/levantamento  do impacto da Covid-19 nesses citados órgãos de Segurança Pública do Estado do Piauí.

    Oportunamente, cita-se que foi realizado no Estado do Rio de Janeiro um estudo com a mesma abordagem do primeiro tema acima (políticas públicas sobre a saúde física e psíquica dos profissionais de segurança no âmbito das corporações de segurança pública do Estado do Piauí), com a conclusão, conforme Resumo do artigo apresentado e aprovado em 2008 por Maria Cecília de Souza MinayoI; Simone Gonçalves de AssisI; Raquel Vasconcellos Carvalhaes de OliveiraII ,  abaixo:

ICentro Latino-Americano de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Av. Brasil 4.306, sala 700, Manguinhos. 21040-361 Rio de Janeiro – RJ. cecilia@claves.fiocruz.br
IIInstituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz.

                                                                                                                    .

Impacto das atividades profissionais na saúde física e mental dos policiais civis e militares do Rio de Janeiro (RJ, Brasil)

Conclusões

Estrategicamente é importante perguntar, no final deste artigo, se seria possível, aos policiais, desenvolver outro estilo de vida ou melhorar as condições atuais que lhes geram tantos efeitos deletérios à saúde.

Os dados comparativos com outros países, que apresentamos aqui, nos mostram que existem problemas comuns ao exercício das atividades policiais. Do ponto de vista físico, obesidade, agravos gastrintestinais, hipertensão arterial, doenças coronarianas e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, dentre outros agravos, são alguns que os acometem de forma muito mais acentuada e em proporções muito mais elevadas do que na população em várias partes do mundo. Em alguns países, como é o caso do Brasil e especificamente no Rio de Janeiro, também as taxas de mortalidade e de morbidade por causas externas são muito superiores entre os policiais do que as que se referem à população como um todo e a qualquer outro grupo específico. Do ponto de vista emocional, os estudos internacionais e também o nosso reafirmaram os efeitos do risco e do desgaste sobre o psiquismo dos policiais resultando em alcoolismo e drogadicção, insônia, estado de hipervigilância, aumento da agressividade ou embotamento da sensibilidade levando a dificuldades conjugais e à violência intrafamiliar e perpetração, tentativa ou ideação de suicídio. Ressaltamos que os casos de suicídios ou de tentativas entre os policiais do Rio de Janeiro necessitariam de um estudo muito mais específico, pois apenas pudemos assinalar esse ponto numa escala de sofrimento mental.

Por fim, ressaltamos com apoio em várias pesquisas internacionais que, na medida de seu envelhecimento, o policial acumula efeitos associados ao estresse laboral como inadequação de comportamento como alcoolismo, jogatina descontrolada, comportamento agressivo, maior exposição a acidentes, ansiedade, insônia, explosões emocionais e vários tipos de dores crônicas. Tudo isso converge para o envelhecimento precoce.

Hoje, o tema relativo à saúde dos policiais no chamado mundo desenvolvido, de certa forma, ultrapassou o diagnóstico e entrou numa fase de proposições sobre o tipo de condições técnicas, relacionais, subjetivas e de qualidade de vida que o Estado precisa lhes proporcionar, reformando suas instituições e valorizando seu trabalho. Em vários países, existem programas de avaliação e de reforma institucional e de apoio social e emocional a esses profissionais, pilares das instituições democráticas. No caso dos policiais do Rio de Janeiro, estamos num patamar ainda inferior ao de muitas regiões do mundo. Cumprimos ainda a fase da análise situacional. Entendemos que evidenciar os problemas concretos de saúde física e mental desses servidores permitirá a suas corporações traçar planos de ação que valorizem seus membros na prática, mediante uma crítica corajosa aos processos de trabalho, às condições gerais de prestação de serviços e à situação de sua vida fora da instituição.

Ressaltamos ainda que, se algum plano de ação transformadora for realizado pelas corporações policiais a favor de seus membros, é fundamental destacar a importância da participação deles. São eles que reconhecem, a despeito de toda sofisticação técnica, as sutis diferenças existentes entre o trabalho prescrito e o trabalho real e todos os processos que explicam seu adoecimento. São essas brechas que devem ser modificadas para obtenção de resultados promissores, visando à segurança da pessoa que cuida de nossa segurança pública.

Oportunamente, chama-se atenção para que o Estado Brasileiro e o nosso querido Estado do  Piauí a fim de que tenham um olhar mais carinhoso, atento e responsável para com esses cidadãos e seus dependentes, que deixam seus familiares e entes queridos em suas casas a fim de cumprirem suas árduas missões diárias: cuidar e fazer a segurança pública da Sociedade. A todos, o nosso reconhecimento.

Fonte: DOE do TCE/PI,  Quarta-feira, 4 de setembro de 2020.

 

 

 

 

 

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