A vida é feita de emoções. Emoções nem sempre boas. Alegria, tristeza, saudade, raiva, medo, tudo misturado em um turbilhão, coabitando de maneira nem sempre pacífica.
E se alguém pedisse para eu definir alegria? O que é a alegria? Alegria é um conceito muito relativo! Depende do momento e do nosso espírito. Uma mesma coisa pode ou não ser taxado como alegria, dependendo do nosso espírito em momentos diferentes. Mas, vamos lá! Vou tentar definir momentos alegria em minha vida. Alegria é Ronaldo recebendo um cruzamento de longa distância, parando a bola carinhosamente e, numa arrancada fenomenal, braço escorando o holandês defensor, tocar a bola placidamente para o fundo da rede adversária. Alegria é Bebeto receber uma bola de Romário na medida, em um jogo tenso e com um jogador a menos, e tocar no contrapé do goleiro americano. Alegria é Sócrates tocando de calcanhar, como se olhos tivessem esses calcanhares mágicos. É Zico batendo uma falta da marca da meia-lua, com a bola descrevendo uma trajetória elíptica e caindo no ângulo da trave, sem que o goleiro tivesse tempo de mexer. É o grito de campeão, já cinco vezes repetido, saindo aos borbotões da garganta de cada um de nós. Alegria é ver seu filho sorrindo. É voltar pra casa depois de um tempo fora. Alegria é estar vivo!
E a saudade? Quem em minha opinião melhor resume o significado desta palavra é Zeca Baleiro que, em uma bela música, diz: “A saudade é Brigite Bardot, acenando com a mão, num filme muito antigo…”. E eu, pegando carona na bela imagem de Baleiro, vou além. A saudade também é Marylin Monroe com um vestido branco esvoaçando sob o efeito de um ar divino. A saudade é Jerry Lewis e Dean Martin, pilotando um carro vermelho em uma estrada do passado. A saudade é Paul Newman, uma bicicleta e uma colina verdejante. A saudade é Tom perseguindo Jerry, em uma rixa eternamente entrelaçada de amor e ódio. A saudade é Pelé dando três chapéus na defesa adversária, contrariando a própria lei de espaço. A saudade é Vinícius e um copo de whisky sobre a mesa, copo que nunca mais transbordará poemas e músicas. A saudade é sempre o momento que nunca mais voltará!
A tristeza. A tristeza é um prato vazio. É o prato que falta na mesa daquela criança famélica, de países que muitas vezes nem sabemos onde fica, que nos assombra o dia e o apetite em reportagens cruas e agressivas. Cruas, agressivas e reais. É a lágrima furtiva que derramamos, mesmo que depois deletemos de nossa mente a triste imagem. Tristeza são as crianças espalhadas pelas ruas e sinais de nossa cidade, mendigando uma cidadania que nunca vem. Crianças da idade de nossos filhos e netos, entaladas em nossa garganta como o pranto que tem vergonha de chorar.
E o ódio? O ódio é irmão do medo e da covardia. Andam sempre juntos. É o homem-bomba que, em nome de um Deus que deveria ser o de todos, explode e leva consigo para seu paraíso centenas de inocentes. É o agrupamento de torcedores que, em nome de um emblema, lincha um ser humano pela camisa que ele teve o azar de estar usando no momento. É o preconceito destilado em uma saraivada de cuspe e palavras ásperas! O ódio é irracional! E, o pior, o ódio é transmitido, qual uma herança maldita, de pai para filho. Quem cresce cercado de ódio, vai propagá-lo adiante.
Esta é a vida, com todas as suas emoções positivas e negativas, com todos os sentimentos bons e ruins. Esta é a vida, trazida todo santo dia para dentro de nossa casa. Cabe a nós, de posse da percepção correta do que é certo e errado, do que é o bem e o mal, do que é divino e diabólico, fazer brotar, dentro de nossas famílias, dentro da nossa sala, dentro de nosso lar, um outro sentimento, uma outra emoção: o amor!
Sérgio Idelano
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